sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O Episódio de Mazocruz - Parte 2

No último capítulo, Jambo e Ruivão estavam com o carro quebrado no meio do deserto, sem água, sem comida, sem sinal de celuar (há centenas de quilometros atrás) entregues á própria sorte e esperando morrer e ser comido pelos abutres.

Estava claro que ali, na terra, começando a cair a noite não haveria a menor chance de consertarmos nós (eu) o carro. E ainda que o consertássemos seriam necessários oito litros de óleo de transmissão automática Dexron-3, um fluido seguramente pouco abundante naquelas redondezas.

Apesar da dimensão do problema (ou pela nossa incapacidade em dimensioná-lo adeuqadamente) estávamos calmos. A viagem provavelmente estaria perdida, mas - a princípio - não morreríamos ali, afinal não tinhamos caído de avião no meio do Saara, nem éramos náufragos em uma ilha desconhecida. Estávamos numa "Trocha" (o nome passou a fazer um irônico sentido) num país que é quase vizinho ao nosso, nuam região fronteiriça (ainda que fosse com a Bolivia) e ainda, se no dia seguinte pela manhã nos metêssemos a caminhar, em algum momento conseguiríamos voltar até o posto policial onde nos tomaram dinheiro. 

O pior, de longe, seria ter que ouvir em São Paulo: "Mas eu falei que seu carro não aguentava.... joga fora essa merda... compra um carro normal... desencana de querer ter carro velho... financia um Celta...

Enauqnto a noite não chegava, resolvemos aproveitar o restinho de luz do dia para tentar buscar ajuda em alguma casinha perto da Trocha. Avistamos uns quadradinhos de barro no horizonte que pareciam ser casas de camponeses e decidimos democraticamente que Davi e Edson deveriam andar até eles. Os outros dois (Eu e o Bombeiro) ficariam na estrada pensando em como matar e assar uma Lhama.

Doravante o relato se divide em dois: De um lado a história segue pela minah narrativa, indo buscar ajuda, e de outro, Edson conta como foi ficar no deserto esperando que eu, eventualmente, voltasse com a cavalaria. Separaremos então por cores, sendo eu em azul e o Edson em rosa.

Indo buscar ajuda:

Enquanto eles caminhavam comecei a preparação para passarmos a noite no deserto. Felizmente haviamos trazido muitos brinquedos: cobertores de emergência, que são uns pedaços de papel aluminio gigante, uma infinidade de lanternas, rádios (que não pegavam nada) pilhas, combustível e cloro, que poderia ser usado para tornar potável a água que levávamos para o radiador.

Arrumei tudo, peguei o bonóculo e fui seguindo os dois colegas. Comecei então a observar mais atentamente as casinhas para onde se dirigiam, e fiquei desanimado. Peguei o rádio e chamei-os:

"Povo...câmbio...."

"que foi?"

"Tô olhando daqui com o binóculo... parece que essas casinhas estão abandonadas... não tem ninguém aí..."

"Sim, passamos numa que estava abandonada, mas vimos outra à frente, você consegue ver se há alguém nessa?"

"Negativo, não tenho visão, tem um morro na frente, voces vão ter que ir até lá olhar"

"Estamos indo"

Mais uma espera sem fim, vem uma resposta

"Carvalho, achamos um senhor e uma bicicleta, estamos voltando pro carro"

O primeiro a chegar er o velho ciclista. Ele me explicou que não havia nada nem ninguém por perto mesmo. E aí disse a coisa mais estranha:

"Quando o sol chegar naquela montanha, vão passar dois caminhões. Vocês suplicam a eles por ajuda"

Não achamos lá muito boa idéia confiar nossa salvação a um feiticeiro do deserto que falava sobre caminhões sóis e montanhas. Então propz um negócio da china:

"Essa sua bicicleta... o sernhor é muito apegado à ela?"

"A bicicleta... como?"

"O senhor não quer me vender essa bicicleta?"

"Mas o que você quer com a minha bicicleta?"

"Com ela eu vou até a polícia e peço ajuda" (Afinal já era 'cliente' deles).

"Ah meu filho, melhor você ficar longe da polícia por aqui"

Achei prudente não confiar em polícia de fronteira, ainda mais fornteira Peru-Bolívia, mas uma coisa é certa, qualquer polícia do mundo tem algo que nós precisávamos: comunicação.

"Quer vender ou não?"

"20 soles, pra alugar!"

"De jeito nenhum. Pra comprar não valeria 10!"

"15, pra alugar" dizia o velho

"Fechado, dá ela aqui"

Peguei o casaco, um pouco d'água, o gorro, olhei para o horizonte...

"Alguém tem noção da distância que nós andamos?"

O senhor, com cara de dúvida me interpelou?

"Meu filho.... onde você vai?"

"Vou voltar até a polícia"

"Ah.... mas ficou louco. Não dá pra chegar na polícia hoje. Daqui a pouco cai a noite e se você estiver na estrada vai congelar. Não dá tempo de você chegar na cidade..."

"Vai por mim vovô, nessas circunstâncias eu chego na cidade ontem"

"Meu filho, confia em mim. Primeiro que você NÃO vai chegar na cidade. Segundo, que a políca NÃO vai te ajudar."

Confesso que me senti depreciado, pois colecionava uma série de conquistas no pedal. Mas alguma coisa na cara dele dizia com muita propriedade pra eu não me meter a pedalar naquela altitude, onde falata oxigênio até pra dormir. Estava nesse impasse quando um milagre fez aparecer uma van. Mais ou menos um Towner cheia de camponeses vindo do nada. 

Pulamos na frente do veículo que foi obrigado a parar para não nos atropelar. O motorista, que parecia uma mistura de Charles Bronson com Raul Julia não se mostrava minimamente comovido com a nossa situação e procurava um canto para passar e seguir viagem. Insisti e "supliquei" como recomendou o feiticeiro e ele aceitou levar apenas um de nós.

Não lembro qual foi o acordo que fizemos entre Davi, Edson e eu, mas quando vi eu estava sentando num pedaço de lata atrás do motorista, de costas para ele o que me obrigava ficar curvado e com o rosto no jelho de um outro passageiro.

Os camponeses me olhavam com um embevecimento que imagino ser equivalente ao que foram recebidas as primeiras caravela. Olhavam meu casaco amarelo, o relógio, o tênis, os óculos, a toca no cabelo... um deles arriscou puxar assunto:

"Que passo com su choche?"

"Ah... quebrou" disse com um soriso.

"Quebou? Não liga?"

"Liga, mas não anda... quebrou o cambio"

Nisso um senhor, atento a conversa arregalou os olhos, erguei o indicador como se pedisse licença para falar e disse: "Disco de embraiaje!"

Pensei comigo como seria difícil explicar a ele que o carro não tinha embreagem, mas isso não seria possível. Então apenas concordei que deveria ser esse o problema e agraqdeci. 

A van me largou num lugar chamado Mazocruz, que é a um "pueblo" no meio do nada. Assim que eu desci, apareceu uma velhinha saída do lado do motorista com toda aquela roupa Peruana colrida, a pele enrugada como uma ameixa seca. Imaginei que ia me indicar um mecanico, mas me enganei:

"Señor, são dois Soles"

"Como??"

"O preço da passagem, dois Soles"

Catei as moedinhas no bolso paguei a senhora, e e voltei ao motorista para pedir alguma indicação, mas o índio fechou a cara e acelerou.

Pronto, a situação de zero a dez estava no 3. Agora pelo menos estava lá pelo 4,5: Havia uma vila, e onde há uma vila há pessoas. Com o tempo esfriando fechei o casaco e comecei a andar pela cidade fantama. 

Não havia ninguém na rua. Quando ia perguntar a alguém, saíam correndo ou se fechavam dentro de casa. Um sujeito na rua foi mais atencioso, perguntei a ele onmde era a polícia e ele me deu a mesma recomendação do feiticeiro: A Polícia não vai te ajudar, tente outra forma.

Nisso tenho uma visão que me reconfortou: A vitaura da políca.

Corri na frente do Land Cruiser preto dos homens da lei acenando para pararem. Olhei pra trás e o meu amigo já tinha dado no pé.

Parei na janela do motorista, que tinha um insulfilm preto com um tinta. Ele abriu e aí minha alegria durou pouco. Todos com máscaras, armados até os dentes com metraladoras, granadas penduradas no peito e óculos escuros. Parecia um bando de ninjas. Expliquei a situação e mandaram eu entrar no carro. Eu entrei e aí eu vi que os da frente estavam na verdade pouco armados. No banco de trás eu me espremi com mais três sujeitos, dois deles com escopetas na mão e o terceiro com um - pasmem - lança grandas.  Ouvi um ruído atrás e quando olhei havia mais dois no chiqueirinho, não quis olhar muito mas devam ter uma bazuca e um lança chamas. Caveirão do BOPE ali é táxi. 

Fecharam os vidros, olharam todos para mim e perguntaram onde estava o carro. Expliquei e tomei um bronca: 

"Mas o que você estava fazendo naquela estrada? Está desativada há onze anos

"Mas eu vou (ia) a Tacna, e lá há uma placa indicando TACNA para ESQUERDA"

"Não! Mas a placa está errada! Todo mundo sabe que a placa está errada"

"Bem... eu não sabia... vocês têm como nos ajudar?"

"Talvez... sabe como é... vamos precisar comprar gasolina pro carro... e estamos sem dinheiro..."

"Sim, sim... eu entendo, claro. E entendo também que não é atribuição de vocês resgatar carros quebrados... por isso estou disposto a lhes recompensar por essa ajuda"

A negociação foi quebrada por que passou o úncio jipe da polícia rodoviária do Peru na nossa frente, o que causou certo desconforto entre os policiais ninjas da policia de fronteira. Ficaram em silêncio, imagino eu que estavam rezando para que não me vissem, e por consequência não atrapalhassem o plano deles de me matar e ficar com nosso carro e pertences. 

Mas a polícia rodoviária facilmente me viu pelo párabrisa porque eu era um ponto amarelo no meio de sete ninjas negros e se aproximou. Me adiantei dizendo "opa! olhaí a polícia rodoviária, deixa que eu vou com eles"

O motorista me censurou a idéia: "Espera, fica queito aí" e emparelhou com o a rodoviária que já perguntava o que estava acontecendo.

"Temos um estrangeiro aqui, diz que o carro dele quebrou na Trocha"
"Mas o que ele foi fazer na Trocha?"

A pergunta foi respondida com uma expressão facial daquelas onde de comprime os lábios e move a cabeça querendo dizer "esses estrangeiros devem ter merda na cabeça".

Aí o meu motorista colocou o braço pra fora, esfregou os dedos em sinal de "grana",e acertaram que doravante eu seguiria com a polícia rodoviária.

Pois bem, o Land Cruiser da polícia rodoviária era igual ao da polícia de fronteira, só que verde e branco, tinha apenas um motorista e um soldado e bem menos armas, somente metralhadoras, que devem ser usadas para trocar pneus e socorrer vítimas de acidentes na estrada. 

Nem vou tentar explicar porque ainda não consigo compreender e tampouco acreditar que a polícia rodoviária não tinha comunicações para pedir um guincho. Eu não consigo enfatizar mais: A polícia rodoviária não tinha condições de se comunicar com qualquer tipo de entidade capaz de rebocar ou socorrer um carro quebrado na estrada. Então desisti e fomos às negociações:

Me explicaram que estavam sem gasolina, que não tinham dinheiro pra comprar e coisa e tal, e depois de muita negociação (onde o poder de barganha certamente não era meu) fechamos em 40 dólares para nos rebocarem até Mazocruz. Pegamos então a Trocha, andamos uns dez quilometros no meio do nada e pararam o carro.

Olharam pra mim e começaram o interrogatório:

"Quem mais está no carro?"
"Mais duas pessoas"
"Mulher e filho?"
"Não, dois amigos"
"Brasileiros?"
"Sim, os dois"
"Que carro é?"
"Um jipe"
"Quanto custa no Brasil?"
"Quase nada, é uma porcaria, por isso quebrou, vejam vocês..."
"O que tem no carro?"
"Roupa suja"
"Eletrônicos?"
"Uma lanterna, nada mais."
"O que você faz no Brasil?"
"Bem... eu.... bom eu... eu trabalho pro governo brasileiro. Na área de relações internacionais com a região Andina"
"Você tem muito dinheiro, não?"
"Eu? Que nada, funcionário público não ganha nada no Brasil..."
"E estão só os três?"
"Que nada... Estamos em uns 5 jipes, uns foram na frente e outros vêm logo aí atrás, antes de quebrar falei com eles e disse onde estava, se bobear chegam daqui a pouco..."

Não se se acreditaram em alguma coisa, mas seguiram em frente. 

"E seu nome como é?"
"Rodrigo... e vocês?

Não responderam por um momento. Então um deles olhou para o outro e disse bem devagar, inventando os nomes na hora: 

"Eu sou... José...e... ele se chama Raul..." (Em espanhol ao pronunciar "Rosé e Raul" fica mais evidente que invetaram os nomes ao sabor do momento, tipo um "José e João" para nós)

Continuaram guiando, algumas vezes conversavam entre si bem baixinho para que eu não ouvisse. Fiquei imaginando eles chegando ao carro, o Edson e o Davi felizes com a visão da polícia... depois a feliciadade acabando com eles nos apontando as armas e mandando nós cavarmos três buracos.

Meu pensamento foi quebrado pela visão de uma nuvem de poeira no horizonte... mais uns instantes e deu pra ver um caminhão, na verdade uma cegonha vazia (como viemos a saber depois, essa estrada abandonada era usada para levar carros roubados para Bolívia e Paraguai, então esse retornava da viagem). Com a aproximação, enxergo algo preso atrás da cegonha... Sim! amarrado ao final da carreta estava um pontinho vermelho sendo arrastado como uma latinha amarrada atrás do carro de recém casados. Era o bombeiro!

Os policiais se entreolharam decepcionados, sentimento que eu não pude compartilhar. Me pediram então o pagamento, mas o dinheiro estava no bombeiro. Ameacei descer para buscar e tomei um "você fica aqui!" e tive que voltar para Mazocruz ainda no carro da polícia.

O lado de quem ficou na estrada:

Avistamos uma aldeia cerca de 3 quilômetros de distancia onde estava o carro, não tínhamos outra escapatória, ágüem tinha que procurar ajuda. Eu e Davi saímos andando no meu do deserto com um único objetivo, chegar até a aldeia. Quando começamos caminhar a temperatura estava por volta dos 30 C. Não sei por qual motivo levamos nossas blusas. Após alguns minutos (não sei precisamente quanto tempo levou) chegamos perto da aldeia, ao mesmo tempo Carvalho nos informava via radio que não havia moradores na aldeia, já que ele estava mirando com o binóculo e não via movimento de qualquer ser. Eu e Davi não queríamos desistir, faltava pouco. Foi quando percebemos que havia 2 rios entre a “estrada” (Trocha – chamada pelos peruanos) e a aldeia. Começamos a buscar alternativas para atravessar o rio, com muito planejamento e com ajuda das pedras, conseguimos atravessar o primeiro. Foi quando avistamos um senhor vindo de bicicleta pela estrada. Agora nosso plano era o inverso, como voltar para a estrada atravessando o rio. Pela nossa surpresa, o rio estava mais estreito alguns metros para frente e conseguimos “reatravessa-lo” com mais facilidade.

Explicamos nossa situação ao senhor, e ele explicou melhor nossa situação.

 - Meus filhos, vocês estão em uma estrada abandonada a 11 anos, nesta estrada passam apenas 2 veículos por dia.

Foi quando o senhor olhou para o sol e disse:

- Eles ainda não passaram, vão passar quando o sol chegar ao topo daquela montanha.

Ufa!! Pensamos nós...

O senhor imediatamente subiu em sua super bike e foi em direção ao carro, eu e Davi tínhamos que caminhar novamente até o carro, foi quando começou a ser necessário o uso das jaquetas. Em menos de 1 hora a temperatura havia caído muito e nossa preocupação aumentando.

Quando chegamos perto do bombeiro percebemos uma negociação. Carvalho estava tentando comprar a bike do senhor para ir buscar ajuda na cidade. Ainda bem que o tio não topou a idéia.

Mais alguns minutos de tensão e aparece de traz das montanhas de areia, pedra e neve uma Van. Pedimos ajuda ao motorista e o mesmo permite que 1 de nós pudéssemos ir de carona até a cidade mais perto (depois descreveremos a cidade). Carvalho foi dentro da Van com mais 5 moradores locais e o senhor da super bike também, eu e Davi ficamos no meio do deserto. Naquele momento passava milhões de coisas na cabeça como: o que comer durante a noite, onde encontrar água potável, qual seria a temperatura da noite. Neste momento a temperatura beirava 0 C. Davi já parecia ter sido congelado, estava quieto, apreensivo, sem movimentos. Ele apenas olhava para a montanha a espera do sol chegar ao topo (horário que passaria um caminhão). O carro parecia que ia ser levado pelo vento e mesmo assim Davi não tirava os olhos da montanha.

Pensávamos no Carvalho, onde ele estaria, será que tinha conseguido ajuda??? Eram tantas perguntas sem respostas...

Foi quando o sol baixou mais um pouco, estava quase todo atrás da montanha de neve, nada de caminhão... tentava conversar, ter alguma idéia, mas nada fazia Davi se mover. Foi quando avistamos o caminhão (a cara dele só não foi melhor do que a que ele fez quando comeu um pão de queijo 6 dias depois).

Paramos o caminhão, o motorista boliviano não estava muito preocupado com nossas vidas. Estava mais preocupado em saber quanto pagaríamos para ele nos rebocar.. chegamos a um acordo de U$20. Quantia insignificante se pensarmos em nossas vidas.

Agora vem a pior hora, o carro estava virado no sentido oposto ao do caminhão e a estrada tinha cerca de 4 metros de largura, teríamos que manobrar o carro. Davi assumiu a direção, desengatou o carro enquanto eu e o boliviano tínhamos a função de empurrar um carro com mais de 2 toneladas + bagagens + Davi. A impressão que tive em todo este momento é que o carro não estava desengatado e que o boliviano era um ator de novela mexicana. Nunca fiz tanta força em minha vida. Pensei em desistir, mas não sei como ainda tinha mais força para empurrar. Conseguimos virar o carro, mas não era momento para comemorações ainda. Prendi o cabo no carro, o boliviano prendeu na carreta, assumi o comando do volante a vamos embora... foi quando percebemos que o cabo estava preso do lado esquerdo do Jeep e do lado direito da carreta, fato que fazia o carro andar de lado. Foram tantos trancos que tenho certeza que o campeão de Barretos que montou no touro bandido não agüentaria ficar dentro do carro. Depois de 15 minutos de reboque já havia me acostumado a dirigir olhando para os lados. Foi quando lembramos que tinha uma ponte estreita e que não poderia haver trancos laterais. Achei que nesse momento Davi iria arrancar o banco e as portas (ele segurava tão forte, que se tivesse ajudado empurrar o carro teria sido um pouco mais fácil).

Chegamos a ponte, momento de tensão dentro do carro, minhas mãos suavam a uma temperatura de 0 C. A poeira da estrada não deixava calcular exatamente quando seria a entrada da ponte, quando percebemos já estávamos sobre ela. Nós rangíamos os dentes de tensão, parece que até o carro se encolheu para passar. Alguns segundos depois estávamos na terra novamente e ao mesmo tempo avistamos Carvalho vindo dentro do carro da policia para nos socorrer.

Todos juntos:

Chegamos em Mazocruz, agora a situação estava aparentemente sob controle. Na beira da estrada CORRETA nos sentíamos mais seguros. Só faltava agora conseguir um mecânico de câmbio automático... em Mazocruz... Ou um guincho que nos levasse para... para alguma cidade onde exista câmbio automático... ou... vender as peças por peso e voltar de cabeça baixa para o Brasil.

A polícia nos interrompeu a elaboração desse plano ordenando que nos abrigássemos (faziam o sinal para vestirmos casacos) e pediram que os acompanhasse até o local onde iríamos dormir. Dormir? 

"Muito obrigado... mas nossa idéia não é dormir aqui... Vamos pegar alguma carona na estrada..."

"Vocês vão dormir aqui sim. O carro fica aí onde está, sigam-me"

Foi assim que fomos condenados a passar a pior noite de nossas vidas, sob real dúvida se veríamos novamente o sol.

Fim da parte 2.


5 comentários:

  1. Ahhhh fala sério!!!
    Todo mundo fala pra não procurar a polícia...mas o "macho" vai...agora descobri porque o local estava deserto naquele momento...rs

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  2. Nossas opções eram:
    1) Procurar a polícia e talvez ser morto
    2) Esperar os traficantes cocaleiros passarem na estrada e ser morto com certeza
    3) Amarrar 500 lhamas e puxar o carro até Mazocruz
    4) Desencanar da vida e virar camponês do deserto
    5) Aguardar a Força Expedicionária Dracenence nos resgatar

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  3. que tensao, credo!!!!! mas teria sido maravilhosamente fantástico vcs terem chegado montados em lhamas no meio de sao paulo, elas cuspindo em todo mundo, cagando por todos os lados, e voces como vitoriosos!

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  4. Meninos!!!!
    E aí, vão terminar ou não?
    Bjs. Cintia

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